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A arte de apreciar o cotidiano

Durante uma viagem, realizar programas convencionais a turistas é quase imperativo. Como ir a Foz do Iguaçu e não visitar as cataratas? Ou ainda como ir a Paris e não visitar a Torre Eiffel? Certamente, ir a um lugar badalado e visitado por quase todos pode render boas lembranças e fotos estilosas.

Esses programas trazem experiências marcantes, sem dúvida. Mas, é inegável que realizar atividade turísticas durante toda uma viagem, vai proporcionar apenas experiências com outros turistas. Se o objetivo é conhecer o que é comum aos nativos, mais recomendável é incluir no roteiro atividades fujam da noção de imperativo para turistas.

O que sugiro é viver o cotidiano dos nativos. Durante algumas horas, agir como os habitantes do local pode possibilitar novas interações; novas experiências. Deixar de lado um guia de turismo, andar de metrô, almoçar em um restaurante fora do polo gastronômico… A arte de experimentar o que é cotidiano para o outro e aprender a apreciar pode render lembranças singulares.

Em Buenos Aires, desejei conhecer o tango. Participei de uma aula em que me ensinaram os passos básicos. Assisti a um belíssimo espetáculo com bailarinos profissionais, bons cantores… Um bom espetáculo. Aquilo não representava a forma que os argentinos interpretavam a música com seus corpos nos momentos felizes. Era técnica, muito bonita, mas técnica. Não representava o cotidiano.

Num outro dia, conhecemos alguns argentinos. Após atender o pedido feito por um deles que eu mostrasse como dançava, pedi que retribuísse o favor. Então, naquele bar tive uma breve aula de quarteto, uma dança argentina, com um professor que posso definir, no mínimo, como charmoso. Confesso que considerei aquela dança complexa, mas aquela sim, era do cotidiano. Jamais teria experimentado algo do tipo se tivesse me mantido nas programações típicas de turistas.

Estar com os nativos pode render boas histórias. Perguntar o que gostam, observar como agem, divertir-se com o que os diverte, perder-se pela cidade. Permitir-se sempre é a chave e o fator diferencial entre ser apenas mais um turista ou respirar o cotidiano de cada lugar.

Brasileira e carioca. Residente no Rio de Janeiro. Formada em Pedagogia, atua como professora, mais especificamente na área de Educação Especial. Casada, além disso vive com um cachorro com uma inteligência assustadora. Ama dançar. Mochileira assumida com paixão por botar o pé na estrada.