Minha vizinha se mudou: os desafios de ser uma mulher que ousou em um mundo machista
Já escrevi sobre ser uma mochileira enfrentando o machismo nosso de cada dia. Porém, algo que aconteceu nas últimas semanas me fez pensar. A campainha tocou e quando olhei no olho mágico era a vizinha do apartamento da frente. Entre os assuntos que conversamos, ela disse que iria se mudar, porque “havia acontecido algumas coisas estranhas”. Logo questionei se havia acontecido algo grave, considerando que nós mulheres necessitamos de uma espécie de código de parceria neste mundo. Minha vizinha vivia lá com uma amiga havia aproximadamente 1 ano. Ela me disse que dentre sabotagens ao carro do ex-namorado e demais incômodos, ela relatou que quando chegou em casa um dia mais tarde, observou que alguém a seguiu até as dependências do prédio, pois o portão estava quebrado.
A história dela, fez-me lembrar de um episódio que me deixou assustada quando me mudei para o prédio. Eu ainda não era casada; pessoas não costumavam frequentar a casa. Estava cozinhando com a janela aberta e é possível para aqueles que estão na rua vejam. Costumo levar Bandit (meu cãozinho) para passear todas as noites. Quando abri a porta de casa havia um cara lá que me perguntou algumas coisas. Inocentemente respondi, pois achei que ele estava tentando me entregar a correspondência. De repente ele disse “Eu estava olhando você pela janela”. Alguém deixou o portão aberto e ele entrou. Bandit em uma reação de proteção latiu em postura de ataque e o tal cara foi embora.
Quando ousamos, o machismo nosso de cada dia mostra o porquê de muitas mulheres não ousarem. Lembro-me das moças argentinas que foram mortas há algum tempo atrás, porque ousaram mochilar. Lembrei-me do assédio que vivi em um hostel, porque ousei viajar sozinha. Lembrei-me da vez que eu e minha amiga fomos abordadas por diversos homens, porque cantávamos felizes depois de um show (eles achavam que estávamos bêbadas e isto tornaria o caminho mais fácil). Lembrei-me da vez que aceitei uma carona e o motorista da vez achou que merecia alguma “recompensa”.
Isso tudo aconteceu por causa do maior pecado que cometemos: ousamos. Ousamos em morar só, ousamos em viajar, ousamos quando demonstramos felicidade…
Isso pode acontecer de novo, ao menos comigo, porque vou continuar ousando. Se não fosse ousada, esta página não se chamaria Chicas Lokas.
Minha vizinha teve motivos para recuar, mas espero, sinceramente, que ela não deixe de ousar.
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