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5 motivos para refletir (muito!) antes de querer se mudar para os Estados Unidos

Comumente escuto pessoas falando em como deixariam tudo e viveriam nos Estados Unidos se estivessem em meu lugar. Cada um pode escolher o que considera melhor para si, mas devo mencionar que é importante pesar todos os aspectos antes de tomar uma decisão tão profunda. Sei que vivemos momentos críticos na realidade brasileira que fundamentariam a princípio tal decisão. Contudo, aconselho que uma decisão como essa não seja baseada em idealizações.


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Se for necessário algum dia, eu serei capaz de abrir mão de viver no meu país. Não por desejar viver em uma “terra dos sonhos” ou embarcar em um “sonho americano”. Neste texto, quero falar de alguns fatores que devem pesar sim neste tipo de decisão.

1 – Assistência médica e odontológica

Muitas pessoas criticaram veemente o ex-presidente Lula quando ele disse que diria ao então presidente Obama que implantasse um sistema único de saúde lá como o brasileiro. Na verdade, ele teve essa fala, porque todo serviço de saúde é pago nos Estados Unidos. Caso sofra um acidente, por exemplo, terá que pagar seu tratamento. Emergência, assistência odontológica, exames de rotina… Não há alternativas gratuitas.

Meu marido não ia ao dentista havia aproximadamente 10 anos. Ele foi submetido a um tratamento dentário aqui no Brasil, no Rio. Apesar de não ter sido gratuito, os preços aqui são mais acessíveis. Ele disse que o mesmo tratamento teria custado uma pequena fortuna em seu país.

Na perspectiva dele, vou muito ao médico. Sei que faço parte de uma parcela da população privilegiada, pois tenho plano de saúde. Entretanto, americanos nesta mesma condição não têm cobertura total para consultas de rotina.

Só pra dar um exemplo: uma conhecida que mora lá, brasileira, fez uma pergunta básica sobre fertilidade durante uma consulta de rotina à sua médica. Recebeu uma conta de mais de 400 dólares, pois aquela era uma consulta de rotina e consultas sobre fertilidade não eram cobertas por seu plano!

2 – Mercado de trabalho e formação

 

O país é descrito como a terra das oportunidades. A possibilidade de uma boa remuneração em um emprego simples é um ponto a ser considerado. Porém, para aqueles que possuem uma formação numa área específica, pode ser difícil conseguir exercer a mesma profissão por lá por questões relacionadas à validação da certificação. Vale uma boa pesquisa antes de decidir!

Além disso, o esquema de férias por lá é bem diferente daqui. No começo de um emprego, por exemplo, pode acontecer de você ficar um tempão tendo direito a apenas 10 dias de férias. Com o tempo e dependendo de como é seu desempenho, podem até ser 20. Para esses é um grande privilégio…

Conheço uma professora pós-graduada que mudou para lá há cerca de 5 anos. Ela não conseguiu atuar em sua profissão lá até hoje. Atualmente, trabalha em uma escola como auxiliar.

3 – Liberdade e direitos

 

Meu marido sempre diz como se sente mais livre no Brasil… Tenho críticas- como todo brasileiro – a alguns aspectos relacionados à política e à legislação, por exemplo. Os americanos também têm muitas críticas sobre estes aspectos. A privacidade é quase que utópica no contexto deles. Há câmeras em salas de aula (com o intuito de supervisionar a turma) e é muito normal que alguém abra seus pertences em um aeroporto sem a sua presença (isso aconteceu comigo).

O sistema prisional conta com um alto quantitativo de sujeitos. Ser preso é algo muito normal. Não estou fazendo qualquer apologia à impunidade, mas há muitos motivos por lá que levam à prisão. Cheques sem fundos, dirigir sob efeito de álcool…

4 – Assistência veterinária

 

Para pessoas que amam animais, mantê-los com qualidade de vida pode implicar no investimento de uma pequena fortuna. Há pouco tempo, meu cão foi submetido a uma cirurgia e compramos alguns medicamentos para ele. Joel disse que tudo isso teria custado muito dinheiro por lá. Entretanto, vale mencionar uma facilidade por lá: há ônibus itinerantes que fazem castração gratuita de cães e gatos (aqui no Brasil o serviço existe em algumas cidades também).

5 – Ser estranho no ninho

Essa é a razão mais óbvia, mas é a que deve pesar mais na decisão. É importante pensar nos choques culturais, em deixar família e amigos…  Seu país de origem sempre fará parte de você de alguma forma.

Uma autora africana, a Chimamanda Ngozi, diz em seu livro “Americanah” (fala da personagem, mas muito real): “Só fui perceber que era negra quando vim morar nos EUA”. Em qualquer lugar que não for o seu país, você será um estranho e poderá sofrer com isso.

Por isso, não deixe que a síndrome de cão vira-lata seja determinante na decisão.

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Brasileira e carioca. Residente no Rio de Janeiro. Formada em Pedagogia, atua como professora, mais especificamente na área de Educação Especial. Casada, além disso vive com um cachorro com uma inteligência assustadora. Ama dançar. Mochileira assumida com paixão por botar o pé na estrada.