Uma visita inusitada ao Cemitério do Bonfim – Tema: Mulheres Extraordinárias
Eu sei, visitar um cemitério sem que seja por motivos fúnebres, não é algo comum, nem usual. Ao ver o anúncio de que seriam feitas visitas guiadas ao Cemitério do Bonfim, que é bem conhecido em Belo Horizonte, eu fiquei muito curiosa. Quem em sã consciência sai de casa em um domingo às 9h da manhã para visitar um cemitério? Bom, essa pessoa sou eu, e acredite se quiser, aproximadamente 20 pessoas também estiveram presente. Vou contar para vocês como foi essa visita loka.
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A visita começou na porta do Cemitério, em um domingo de manhã. Fomos recebidos pelos guias Roberto e Marcelina. Eles são muitos simpáticos e fazem questão de deixar bem claro que não são guias de viagem e sim professores de história. Após apresentações e orientações fomos encaminhados para dentro do Cemitério. A visita aconteceu no dia 31/03 e em homenagem ao mês do dia internacional das mulheres, o tema da visita foi mulheres extraordinárias. O tema já me ganhou, Marcelina nossa guia professora super simpática, explicou que visitaríamos túmulos de algumas mulheres e também de homens que em suas vidas tiveram contato com alguma mulher notável.
Fui transportada pela história de Belo Horizonte, do nosso Estado e até mesmo de nosso país. Foram citados vários fatos que aconteceram na nossa historia. Discutimos sobre o modernismo, o direito das mulheres, machismo, preconceito e vários temas que existem desde sempre. Conheci histórias de mulheres que desafiaram os paradigmas de uma sociedade machista e patriarcal em busca de viverem suas vidas como achavam que deveriam. Vou falar um pouquinho sobre a histórias de duas dessas mulheres que me encantaram.
Dora Vivacqua
Nascida em 1917, ela não está enterrada no Bonfim e sim seu irmão Aquilles. Eles eram grandes amigos e ele foi um grande protetor dela. Dora foi a ovelha negra da família Vivacqua. Desde adolescente já tinha tendências rebeldes, era adepta ao naturalismo, tinha aversão a convenções sociais e ideias conservadoras. Praticou paraquedismo, virou dançarina e se apresentava semi-nua com uma serpente em volta do corpo. Adquiriu o nome artístico de Luz Del Fogo. Na década de 50 foi morar em uma ilha que ela intitulou de Ilha do Sol onde fundou a primeira ilha de nudismo da América Latina. Gente, como eu nunca tinha ouvido falar dessa mulher?!? Tem até filme sobre sua vida e se você é curioso como eu e quer conhecer mais sobre Dora, é só clicar aqui.
Jeanne Louise Milde
Jeanne nasceu em 1900 na Bélgica e se tornou uma escultora e professora de muito sucesso. Veio para o Brasil em 1929 para participar de um projeto de reforma do ensino em Minas Gerais. Ela não está enterrada no Bonfim, mas suas obras estão em vários túmulos lá presentes, inclusive no túmulo de Aquilles Vivacqua tem uma obra linda da Jeanne. Suas obras trouxeram inovação para o local, ela foi uma precursora do modernismo na Capital. Jeanne também era considerada bem à frente do seu tempo: veio sozinha para o Brasil, solteira, independente, artista, tudo que uma mulher não deveria ser na época. Quer saber mais? É só clicar.
Tiveram várias outras histórias, essas foram as que eu mais gostei. Nunca tinha entrado nesse cemitério e fiquei impressionada com a quantidade de obras artísticas. Tem esculturas lindíssimas!
Também visitamos o antigo prédio do necrotério que fica dentro do cemitério. Ele é muito imponente e foi construído com materiais importados da Europa. O prédio também já foi utilizado como capela. Atualmente, foi tombado pelo patrimônio histórico e não é utilizado para nenhuma atividade.
As visitas acontecem uma vez por mês e tudo que você precisa fazer é mandar um e-mail para agendaparques@pbh.gov.br ou ligar para o telefone 31 3246-5147 para agendar a visita. Os temas mudam a cada visita, então sempre tem história nova para conhecer. Para saber mais entre na página do facebook ou no site da prefeitura.
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