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Alentejo em um dia (Portugal dia 3)

O Alentejo é uma região de Portugal bem importante….Alentejo porque fica “além do Tejo” um dos Rios mais importantes do país. Eu não sou grande geógrafa e nem quero ir muito  a fundo nos conhecimentos do lugar. Não que não me interesse ou que não saiba, só não quero fazer um relato muito grande aqui. Então lá vai o link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alentejo_(NUTSII)

De informação por aqui você vai saber que existem muitas cidadezinhas possíveis de visitar pelo caminho entre Sintra até a Espanha e que nem todo mundo vai estar a fim. A gente – Amor e eu – ama uma aventura nada a ver, tipo entra no carro e vai indo, parando onde der na telha. Também é óbvio que tem milhares de coisas para ver na região do Alentejo. Então é lógico que não vimos tudo o que tem pra ver em um dia! Mas vimos muita coisa bacana que gostaria de contar.

Assim, com esse espírito aventureiro, partimos de Sintra (que você viu no post do dia 2 em Portugal) e fomos para Évora. Na verdade essa era a única cidade do Alentejo que eu tinha certeza que queria ver de novo desde minha última visita em 2006. Foram mais ou menos 2 horas de estrada e chegamos a Évora de noite, super cansados. Fomos conhecer a cidade na manhã do dia seguinte. E eis nosso trajeto:

Évora

Centro histórico de Évora
Centro histórico de Évora

Évora é uma cidade magnífica, super bem preservada e seu centro histórico é tombado como Patrimônio Mundial da Unesco. Não é para menos que seja tão famosa e bem visitada o ano todo. Bem no centro da cidade fica o famoso Templo Romano, ou Templo de Diana, que data de antes do século II e passou por diversas transformações ao longo dos anos. Deixo a história do templo para ser mais explorada aqui: Templo Romano de Évora.

templo de diana em évora
Templo Romano em Évora

Bom, sabendo da fama deste templo, é lógico que após estacionarmos o carro num estacionamento logo antes da entrada para o centro histórico (um aqueduto lindão, por sinal, passa pelo estacionamento!) fomos a pé, cedinho, ver Évora. Desembestei na frente, quase correndo , pra ver o Templo. Como expliquei antes, tava tudo tão lotado em Portugal que queria muito ver as coisas enquanto ainda não tinha muito movimento. Valeu a pena, como as fotos mostram!!

aqueduto
Já no estacionamento o aqueduto compunha a cena!
capela dos ossos em évora
Capela dos ossos

Em seguida, fomos para a segunda maior atração de Évora, a Capela dos Ossos. Tão ou mais conhecida que o Templo Romano, a Capela dos Ossos fica atrás da Igreja de São Francisco. É um lugar meio curioso e meio assustador, estranho. Imagina uma capela todinha feita à base de ossos humanos. Isso mesmo, crânios, fêmures e outros ossos, ali na parede ao alcance dos olhos – não mais das mãos pois hoje existe uma barreira de vidro. Com o passar dos anos, os ossos começaram a ficar super gastos pelos toques curiosos dos turistas e uma proteção de vidro protege o patrimônio.

Capela dos ossos em Évora, Portugal
Capela dos ossos em Évora

Ninguém diz ao certo de quem são os ossos, porque eles tão lá. Só é bem curioso e até maldoso que do nada alguns monges invadiram tumbas e sem autorização simplesmente coletaram os ossos pra montar um “espaço e meditação”. Bom, me levou a meditar mesmo, em vários aspectos, sobre a brevidade da vida, sobre quando depois que morremos somos só mais um número. Faz a gente querer viver uma vida que valha a pena e que deixe um legado. Enfim, deixo a reflexão.

Existem mais atrações em Évora, como a Universidade, as outras igrejas, as muralhas e a cidade em si. Caminhamos mais um pouco por lá durante a manhã e amamos.  Mas…o motivo do Amor querer tanto ir ver o Alentejo eu não disse. Ainda não mencionei como o cultivo de cortiça é importante para Portugal! Ele queria muito ver as árvores e eu, claro, fui na onda. Grande parte do artesanato em Portugal é feita de cortiça, desde caixinhas até bolsas e sapatos.

bolsa em cortiça
Tinha tanta coisa em cortiça e quando fui ver a foto, só tinha dessa bolsa, aff…

Então saímos de Évora na direção da Espanha, tentando achar as famosas árvores…

Árvores de cortiça pelo caminho

árvore de cortiça
Case-se com alguém que olhe para você como meu marido olha para esta árvore, kkkk!

Só quem estava lá no carro naquele dia e naquela  hora – no caso eu – pode descrever a reação de felicidade deste homem quando viu as árvores pelo caminho. Foi ainda pertinho de Évora, na beira do caminho mesmo. Descascadas até a metade, super uniformes estavam elas! Claro que teve parada para fotos, encostar e celebrar o grande feito! Finalmente, o Amor conseguiu conhecer a bendita planta. E eu fiquei bem feliz por ele. Já tinha visto antes no Brasil e é engraçado como você tem por certo algumas coisas. Nunca imaginava que uma árvore de cortiça pudesse fazer o Amor feliz assim. Mas fez…acho que é o mesmo efeito que a árvore de maple teve em mim 😉

Reguengos de Monsaraz

Herdade do Esporão
Um dos prédios antigos da vinícola Herdade do Esporão

Seguindo nossa road trip, encontramos vinícolas pelo caminho. Como disse antes, foi bem uma aventura sem destino muito certo. Além da certeza de ver as árvores de cortiça e a cidade de Évora, não tínhamos um plano fixo. Se desse, iríamos até a fronteira da Espanha…pois foi então que vimos esta vinícola – Herdade do Esporão – no caminho e arriscamos.

Infelizmente (ou felizmente, pois nosso dia foi diferente por isso) não havia mais vagas para o tour de vinhos. O pessoal deixou a gente circular pelas construções da vinícola e ficamos imaginando como o lugar deve ser lindo na época da primavera. Apesar do inverno não ser muito rigoroso na região, as plantas sentem a temperatura mais baixo. Então não havia muitas flores e as árvores estavam menos verdes que de costume. Mesmo assim o lugar é lindo e ficamos com um gostinho de quero mais. É um lugar que adoraríamos voltar! Essa região tem outras vinícolas e apesar de já ter lido algo sobre, inclusive tem informções aqui no Travel Tips,  ainda não tinha me ligado que estava lá onde queria ver!

Como não conseguimos visitar a vinícola, desistimos de almoçar por lá. O Amor conferiu o gps e estávamos bem pertinho da fronteira com a Espanha. Então, adivinha?

Fronteira Portugal-Espanha. Passamos sem o menor problema.

Villanueva del Fresno

Praça da cidadezinha de Villanueva de Fresno
Praça da cidadezinha de Villanueva de Fresno, na Espanha

Ah, Villanueva del Fresno…uma bela ciade com tanta coisa…Mentira, tem nada lá,kkkkk! O que aconteceu foi que o Amor queria porque queria contabilizar mais um país pra conta da gente então era questão de honra “pisar” na Espanha. E esse povoadoziho que tem nada, mas nada mesmo pra visitar, foi a primeira cidade que vimos depois da fronteira. E foi isso, saímos do carro, pisamos na praça. Não achamos restaurante nenhum no centro…voltamos pro carro e já quase fora da cidade achamos um restaurantezinho local, onde pude impressionar o Amor com todo o meu conhecimento de Portunhol. A comida foi barata e deliciosa, por sinal. Super simples e amamos! Foi uma experiência autêntica, no meio  de um lugar nada turístico. E foi divertido, porque realmente não esperávamos nada. E a comida surpreendeu.Bem como a simpatia do povo!

Azeitonas e um pãozinho com ceviche e queijo
Azeitonas e um pãozinho com ceviche e queijo
bacalhau com natas na espanha
Bacalao con crema ou bacalhau com natas, na Espanha.

Almoçamos e voltamos para a estrada…vale mencionar que enquanto seguíamos sentido Espanha, vimos duas fortalezas nos altos de dois morros que o Amor bem falou: na volta passamos lá. Eu duvidei muito que tivéssemos tempo, mas…

Mourão

Castelo em Mourão
Castelo em Mourão
cidade de mourão ao longe
Como avistamos Mourão, da primeira vez, de dentro do carro

Uma das cidadezinhas que vimos, em Portugal, foi Mourão. Ela era a mais perto da Espanha e por isso a primeira em que paramos. Vilazinha pequenina, parece que as pessoas esqueceram que esse lugar existe. No alto do morro tem uma fortaleza antiga, da qual sabemos pouquíssimo. Fato é que nos pareceu intacta, muito bem preservada. Andamos em seu entorno, apreciamos a paisagem. A boa notícia é que parece que está sendo restaurada. Boa e má notícia, porque após quase um quilômetro de volta (não tinha barreira nenhuma do lado  que começamos a caminhada) o outro lado da fortaleza estava bloqueado. Aí que entendemos que supostamente não era pra dar a volta nela, daí já era tarde, kkkkk! Enfim, a obra não estava acontecendo no momento e não foi problema, não foi perigoso. Mas exigiu um certo contorcionismo burlar o portão e passar pela passagem minúscula que achei. O Amor passou por cima mesmo. Já tava preparado pra me carregar por cima, quando viu que “como um gato” me esgueirei e consegui passar!

Mourão
Parte de trás da fortaleza em Mourão
Parte de trás da fortaleza em Mourão

Voltamos pro carro e seguimos viagem!

Monsaraz

Fortaleza de Monsaraz
Hora de posar instagramer na fortaleza…Baladeiro e eu!
Fortaleza de Monsaraz com vista para a cidade…inesquecível

A segunda cidade que vimos em cima do morro foi Monsaraz. Ah, essa é sim maravilhosa. Super turística e movimentada, tem que estacionar o carro fora da cidade, assim como Évora, e entrar a pé. A Fortaleza de Monsaraz (tida como fortaleza a partir do século XVII) brilha imponente e, em menor escala, é quase tão interessante quanto o Castelo dos Mouros em Sintra.

Fortaleza de Monsaraz
Fortaleza de Monsaraz

Fora a cidadezinha em si que é um charme, linda!! Como lamentamos não poder ficar mais tempo lá. Pois é, já eram horas de voltar. Monsaraz é maravilhosa e para mais fotos do lugar, acesse este site.

E agora vem daquelas histórias de lógica portuguesa. Eu já tinha explicado pro Amor que portugueses são literais e que tínhamos que prestar atenção, e não é que fui vítima? Acompanha o drama!

No dia em que alugamos o carro, o moço do balcão falou que tínhamos que devolvero carro até as 19h00, naquele lugar, centro de Lisboa. O Amor perguntou: e se quisermos devolver de manhã, pois nosso voo seria no outro dia de manhã bem cedinho, antes da loja abrir. O moço de novo disse que aquela loja fechava às 19hoo e que se quiséssemos devolver lá teríamos que devolver no dia anterior ao vôo, porque obviamente não abriam às 6h00 da manhã.

Agora imagina o drama: o dia todo, desde que estava em Évora, tentei ligar pra companhia de aluguel de carros. Bem naquele dia, o dia todo, o sistema de telefonia estava em manutenção e não dava para falar com ninguém. Ninguém mesmo, só a linha de acidentes estava aberta. Ou seja, não conseguia perguntar sobre a possibilidade de devolver o carro no aeroporto. Olhava na internet e não achava informação. Então, no final daquele dia, em Monsaraz, vimos que não tínhamos outra escolha a não ser correr e devolver. Tínhamos exatas duas horas pra chegar a Lisboa. E adivinha? Engarrafamento monstro na entrada da cidade…o Amor já estressado e eu pensando como a gente ia devolver o carro…bom, pior das hipóteses no aeroporto naquele dia. Afinal, não conseguia achar nem a que horas a loja do aeroporto abria.

Chegamos, 15 minutos antes das 19h00. Engarrafamento bruto em volta da praça Marques de Pombal. Tinha que fazer uma volta pra chegar de carro no lugar, mas a pé dava pra fazer a volta. Eu saltei do carro e usei toda a minha habilidade de corredora pra chegar a tempo e gritar um “esperem”! E, adivinha? Cheguei ao mesmo tempo que o Amor com o carro e a loja estava fechada. Affff….

Rumamos ao aeroporto. Chegamos lá e …dois brasileiros, uma moça e um rapaz antedendo. Disseram naquela paz que só uma consciência limpa pode oferecer: “de boas, quando isso acontece só devolver aqui”! Ou seja, a gente tinha que ter perguntado especificamente sobre devolver o carro no aeroporto. Bicho , nessas horas tava tão estressada já que o Amor tentava me perguntar se deveríamos manter o carro até o dia seguinte, se queria fazer algo mais de carro em Lisboa e eu só dizia: devolve o carro, po…eu não entendi que poderia devolver normalmente no dia seguinte…enfim, kkkkk

Fomos de Uber pro hotel, saímos pra jantar no restaurante mais americano que achamos na área universitária de Lisboa (ideia que não foi minha….). Mortinhos e felizes fomos dormir, afinal de contas o voo seria às 8h00 da manhã do dia seguinte.

Foi uma mega aventura, num período super curto de tempo. Mas garanto que depois disso posso dizer com certeza: vale a pena viajar pra longe sim, mesmo com pouco tempo. Dá pra curtir adoidado e tenho as melhores memórias destes poucos, mas bem vividos, dias!

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Física de formação, maluca de coração, apaixonada por Deus e por viagens. Viajou uns 21 países (e alguns revisitou), além de conhecer vários encantos de Minas (sua terra natal) e do Brasil. Visitou mais lugares que imaginava e menos do que gostaria, mantendo assim a sede de viajar, porque o mundo é grande, a vida curta e a grana mais curta ainda!