8 ideias machistas comuns no cinema e na TV

Nos filmes, nas séries, nas novelas… Algumas ideias são repetidas com tanta frequência que são normalizadas. A mídia contribui para propagar ideias sobre a forma que nós mulheres nos vemos e somos vistas. Vamos falar de machismo e problematizar aqui, algumas concepções repetidas há tempos sem sequer serem questionadas.

Minha intenção definitivamente não é te despertar repulsa em relação a algum filme ou ator, mas trazer questionamentos importantes para caminharmos para uma sociedade menos machista e mais igualitária.

1 – Enganar mulheres é engraçado

Joey da série Friends e Barney de How I Met Your Mother são personagens queridos por muitos espectadores. Com frequência, costumam arrancar risadas do público pela forma em que estes lidam com mulheres: conseguem encontros de uma noite, mentindo. Inventam nomes, fornecem informações falsas… Tudo para cumprir a missão de tratar mulheres como objetos descartáveis a serem usados por uma noite. Se ambos sabem que se trata de apenas um encontro, a situação seria diferente, mas não é o que costumava acontecer nos episódios. Consegue lembrar de outro filme ou série que utiliza esta “estratégia” de humor?

2 – Apenas algumas mulheres são dignas de respeito 

Muitas tramas mostram a figura do homem conquistador que tem vários encontros de uma noite (que costumam conseguir mentindo) até encontrar a mulher amada. Esta geralmente é uma figura que todo enredo nos faz amar pela sua beleza, simpatia e inteligência. Todas as outras antes dela, são esquecidas pelo protagonista e por nós que assistimos. No filme Como se fosse a primeira vez (50 first dates), Henry é um rapaz que se ocupa conquistando turistas com suas mentiras até que conhece Lucy, uma figura que nos conquista por sua personalidade. Esquecemos rapidamente da forma que ele tratou as demais mulheres e sentimos até compaixão por Henry devido à amnésia da moça. Por que apenas algumas são especiais e devem ser respeitadas?

3 – Mulheres são objetificadas

São infinitos os filmes e séries que utilizaram a exibição do corpo feminino, fora de contexto, como instrumento para atrair o público (apelação mesmo). A ideia de diversão, por exemplo, comumente é associada à presença de mulheres com pouca roupa. Na série SOS Malibu (Baywatch), por exemplo, as corridas em câmera lenta eram utilizadas para “mexer com a imaginação do público”.

Várias são as produções que colocam imagens sexualizadas de mulheres para “enfeitar o ambiente”. Nos filmes da franquia Velozes e Furiosos, por exemplo, as cenas de corrida costumam mostrar mulheres em roupas curtas dançando, mesmo que aquela imagem nada tenha a acrescentar à narrativa.

Pense: consegue lembrar de outros filmes e séries que exibem mulheres de maneira objetificada?

4 – Mulheres são seres frágeis que precisam de um homem que as salve

Algumas narrativas investem na construção da imagem de uma figura feminina que sempre necessita da figura de um homem para se manter a salvo. Sim, vivemos em um mundo em que corremos perigos diariamente por sermos mulheres. Isso significa que constantemente criamos maneiras de nos mantermos a salvo, sem necessariamente envolver uma figura masculina.

Mary Jane da trilogia de Homem Aranha é retratada em posição de fragilidade, sempre necessitando da intervenção de seu herói apaixonado. Ela está sempre em perigo e ele sempre vem ao seu socorro. Nada disso é novidade: muita antes de Olívia Palito já éramos instruídas a recorrer aos cuidados de um homem.

5 – Mulheres têm preocupações fúteis

Vários filmes e séries retratam mulheres que se ocupam em tratar de assuntos fúteis. Compras, popularidade, cirurgias corretivas… Muitas produções mostram personagens femininas mantendo apenas este tipo de diálogo o que acaba reforçando a ideia de que o que uma mulher diz pode ser ignorado sem prejuízo.

No filme As Branquelas, enquanto os homens se ocupam em investigar crimes, as mulheres falam sobre assuntos como compras, encontrar homens ricos e maneiras de ficarem mais sensuais.

6 – Apenas as belezas da juventude importam

Algumas produções fazem chacota de mulheres mais velhas, indicando que apenas as qualidades da juventude devem ser valorizadas. Piadas sobre rugas, flacidez… Está lembrando de algum filme ou série?

No filme Gente Grande, Gloria é casada com Rob Hilliard. Por ser uma mulher mais velha, o grupo faz piadas constantemente em relação à sua idade, ignorando quaisquer outras qualidades que a mesma poderia ter.

7 – Mulheres precisam de transformações

Vários são os filmes em que há uma personagem com grandes qualidades, mas que não se veste ou porta como as demais mulheres consideradas de sucesso. Logo surge uma figura disposta a ajudá-la a transformar sua imagem. O problema é que nesta narrativas, outras pessoas que se sentem incomodada com a figura da heroína; não costuma ser um movimento iniciado individualmente.

Feita a mudança de imagem, tudo na vida da personagem muda positivamente: a pessoa amada é conquistada, suas qualidades são valorizadas… No filme Ela é demais, Laney Boggs é uma jovem sensível e inteligente que passa a ser notada após mudar o visual.

8 – Viver histórias incríveis é para mulheres que estão nos padrões

No que diz respeito ao consumo, já percebemos muitas marcas se adaptando para oferecer produtos para todas as mulheres. Porém, nos filmes e programas de televisão, ainda percebemos que as personagens que protagonizam as histórias ainda seguem determinados padrões. Que padrões? Padrões eurocêntricos, padrões de corpos… padrões distantes da realidade.

Nas novelas, as mulheres que protagonizam as histórias são aquelas que se encaixam nos padrões estabelecidos. As demais são delegadas aos “guetos da trama”. Zezé da novela Avenida Brasil, por exemplo, era empregada da casa enquanto as demais personagens eram destacadas.

Pense: você se sente frequentemente representada na televisão e no cinema?

São ideias que estão no cinema e na TV e estabelecem padrões e moldam pensamentos e comportamentos. Como mudar isso? Ações em nosso pequeno universo, onde valorizamos as qualidades de mulheres de verdade e ensinamos nossos filhos a fazer isso também, podem ajudar.

Além disso, concluo com um convite: que tal lançar um olhar mais crítico às produções que você costuma consumir?!?

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