O mundo está chato? Reflexões de uma pessoa cheia de mimimi
Quando eu era adolescente, muitas vezes me senti diminuída. Tentei de muitas formas esconder quem eu era. Eu não queria ser a menina de “cabelo ruim”. Eu não queria ser a menina de “nariz de batata”. O tempo passa e as novas experiências são capazes de moldar nosso ser.
Pré-vestibular, vestibular, aprovada no vestibular da UERJ… Um mundo novo para aquela menina lá de Santa Cruz. Um mundo novo que a ajudou a não querer mais se esconder. Eu não era mais aquela menina que sonhava ser uma princesa branca que receberia um beijo de um total desconhecido que a salvaria.
Aos poucos o mundo mudou de muitas maneiras. As piadas que são capazes de matar a alma de alguém, não estão mais em horário nobre. As músicas que buscam imprimir comportamentos avessos ao bem comum, forçosamente saem do cenário.
Em meio a tudo isso, uma frase emerge com certa força: “O mundo está ficando chato!”. Se eu critico o cabelo natural de uma moça, sou racista? Se eu digo que uma moça teve o que merece por ter se interessado em fazer sexo e dito não em algum momento posterior, estou sendo misógino? Se eu digo que prefiro homens no trabalho, pois mulheres engravidam, estou sendo machista? Se eu digo que uma pessoa com deficiência não deveria estar aqui, sou uma pessoa preconceituosa?
Essa geração que enxerga o mundo mais chato sob esta ótica, define todo o resto como povo cheio de mimimi. Essa galera cria termos como racismo inverso, por exemplo. Há de convir que esta é uma geração muito criativa que diz existir opressão a um povo dominante pelo simples desejo de manter seu modus operandi. Posso discordar da prática, mas de um estranho modo, entendo a lógica.
Ceder a certos preceitos, seria de alguma forma admitir que uma parcela marginalizada seja como eu. Ceder, ainda, poderia implicar em reconhecer-se como parte de uma parcela de alguns seres que tanto odeiam. Confuso? Sim. Mas vamos lá! Imagine você que fez chacota da moça que alegou dificuldades para conseguir emprego pelo seu cabelo, admitindo que ela foi vítima de racismo. Isto implicaria em reconhecer que você, tão negro quanto ela, não sofreu o mesmo, porque optou em passar por um processo que o tornasse mais socialmente aceito.
O mundo está chato? Depende. Talvez para aqueles que se sentem confortáveis em manter discursos intactos desde muitos séculos atrás (tentativas de branqueamento da população, a gente vê por aqui). Talvez para aqueles que tentam imprimir suas visões de verdade sobre os outros. Talvez para aqueles que acham que nós, mulheres, deveríamos esperar deitadas por um beijo salvador de um cara estranho. Talvez…
Talvez o mundo esteja chato; nem tudo está perfeito. Se serve de consolo, também é chato todos os dias deixar de fazer isso ou aquilo pelo simples fato de ser mulher. Se serve de consolo, também foi chato ter que responder àqueles que opinaram a minha vida inteira sobre o meu cabelo sem que eu tivesse pedido opinião. Se serve de consolo, também é muito chato adequar os meus roteiros de viagem, pois uma mulher que viaja sozinha pode se meter em apuros se não souber se cuidar. É… Mundo chato!
Contudo, eu consigo visualizar um mundo em que posso ser quem sou. Não preciso passar a vida brincando de panelinha enquanto espero por um homem. Um mundo em que vozes, ainda que isoladas, irão se erguer diante de uma situação de discriminação, dizendo “Estou com você.”
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