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Dois dias de sol (de 4) na Ilha de Páscoa – parte II

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Entrada do “mirador” Rano Kau

Bom, continuando da primeira parte: se o dia da chegada e o dia de conhecer Rano Raraku foram chocantemente chuvosos, devo dizer que os outros dois dias da viagem foram chocantemente lindos e ensolarados! E é impressionante como o sol tem o poder de mudar o humor da maior parte das pessoas. Quando morei na Inglaterra, era muito evidente que nos dias de sol as pessoas ficavam mais alegres. Acho que cientificamente tem explicação, mas não vou dar e nem procurar explicação agora. Quero contar como foi a viagem!

Então, falando sobre o sol e o bom humor, o mesmo guia que no dia anterior estava mal humorado (veja a primeira rodada aqui), estava radiante no dia seguinte. Mesmo! Chegou com um sorrisão no rosto, chamando no hotel e lá fomos nós, na mesma van. Tinha gente nova nesse dia, empolgados e felizes.

Primeira parada foi no mirador do vulcão Rano Kau  – o maior da ilha, onde a gente avista a cratera. Na verdade, a ilha surgiu de uma erupção vulcânica. Hoje (e há muitos anos) o que se vê por lá é uma espécie de lago, cheio de vegetação flutuante. Os antigos habitantes da ilha, que viveram depois da cultura fabricava os moai (que durou de 1250 a 1500 ao que consta e se chamava), tinha a cultura do Tangata manu (homem-pássaro). O homem pássaro era o vencedor de uma competição, que entre outras coisas,  passava por navegar por este lago aí. É talvez uma das paisagens mais marcantes da ilha. E passear por aí  pelo complexo de Orongo é uma aula sobre a cultura Rapanui.

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O azulzinho no fundo é o mar. E aí embaixo é o lago que se formou na cratera do vulcão
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Em Orongo, com vista para o local da competição do homem-pássaro.

Depois seguimos pra Orongo. Orongo era um complexo “esportivo” e cerimonial, de uso sazonal. Lá aconteciam as cerimônias do culto Manutara e a competição do Tangata Manu –  o homem pássaro. Os competidores eram escolhidos por profetas ou profetizas, por sonho. Os competidores tinham que nadar da ilha até a pedra pontuda aí da foto, pegar o ovo da andorinha, por na cabeça e voltar com o ovo intacto até a ilha. Quem conseguisse a façanha era o novo homem-pássaro. Como o nome diz, eram homens. Mulheres não poderiam participar, mas poderiam profetizar! A prática durou até o século XIX, quando a população da ilha foi catequizada ao catolicismo. Agora, fato impressionante  que ouvi também lá: o que diminuiu a já pequena população da minúscula ilha de 163,6 km² não foi a colonização. Foi que eles brigavam entre eles. Humanos sendo humanos!

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Na entrada de Orongo com o amigo chinezinho!

E lembra dos chinezinhos que falei aqui na primeira parte deste relato , Olha ele aí na minha foto! Fui pedir pra esposa tirar uma foto minha e ele veio querendo a dele também. Pior que ainda disse pra esposa (em chinês e ela traduziu pra inglês pra mim): “tira foto aí que vou dizer que essa é minha namorada ocidental”. Ainda bem que ela tava na onda da brincadeira, porque com tanto desfiladeiro ali na ilha, poderia ser eu a primeira mulher-pássaro!!

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Ah, o amor e as viagens! <3

Em compensação, flagrei o momento fofinho deles observando a paisagem depois. Fiquei feliz em saber que o romance andava bem entre eles!

Depois disso, ainda tínhamos tempo. Nosso guia quis compensar a chuva e o mal-humor do dia anterior, então nos levou de volta a Ahu Tahai (no post anterior eu mostrei o lugar com chuva).  Na verdade, o local tem três monumentos, ou três “ahus”:  Ahu Vai Uri (com cinco moai), Ahu Tahai e Ahu Ko Te Riku – o único moai da ilha com olhos e em quem eu dei um beijinho de longe! Eu relembrei essa informação dos três monumentos aqui.

Ilha de Páscoa, Chile.
Beijinho em Ahu Ko Te Riku
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Os outros dois monumentos de Ahu Tahai

Depois da visita, voltei ao hotel. Deu até tempo de tomar um banhozinho de piscina (molhar o biquíni, pelo menos!!) e almoçar. À tarde foi hora de conhecer Ahu Akivi Puna Pau. 

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Em frente ao único monumento onde os moai miram o horizonte

Ahu Akivi chama a atenção por ser a única plataforma da ilha que, ao invés de guardar o continente, mira o mar. Dizem que os moai eram esculpidos representando os patriarcas. O fato deles mirarem o continente poderia significar o cuidado com a família em terra. Mirar o mar poderia significar guardar de invasores? Bem, nunca vamos saber com certeza o motivo. Fato é que o monumento de 7 moai é lindo!

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“Cabelos” de moai ao fundo

Puna Pau era o lugar onde os chapéus dos moais eram feitos. Na verdade, não eram chapéus…eram os cabelos que os nativos representavam como o que parece um chapéu pra gente. Eram os pukao. Lá tem várias plaquinhas (aliás, a ilha é toda muito bem preparada pros turistas) explicando, muito de boas, como os nativos faziam pra levar os cabelinhos pras cabecinhas (que de diminutivos não tinham nada!). Era ao que consta, por um sistema de cordas e troncos, que faziam as vezes de polias e alavancas, ajudando a rolar os pesados pedaços nos troncos e puxando por cordas. Pessoal nem um pouco burro e muito menos místicos do que se pensa, né não?

O lugar também é o mais alto da ilha. Na foto aí, da pra ver os “cabelos” esculpidos no chão, que estavam provavelmente aguardando pra serem levados a outro ponto da ilha. Deve ter “dado ruim” (na linguagem suburbana carioca!)  e ficaram por aí mesmo!



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No fim do passeio, fomos a Ahu Vinapu, ou só Vinapu. Existe ali uma teoria, “ar de mistério” de que houve uma intervenção inca na ilha, por causa de um muro lá construído. Há seis moai com a face virada para o chão, um cabeção bem deteriorado com o tempo e uma figura finiha que seria o único moai feminino da ilha. Dizem também que os moai poderiam estar orientados conforme as constelações (mas meu guia falou que era virado pro continente pra cuidar da família!). Bom, uma coisa ou outra, dá pra deixar a imaginação rolar.

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Vinapu, o cabeção deteriorado e um pedaço do muro
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Entrada de Vinapu

Para fechar esse dia, um jantar Rapanui, de peixe cozido em folha de bananeira, acondicionado higienicamente (creio que no passado não, mas via a evolução da ciência dos microrganismos!) e assado embaixo da terra. Estava mesmo muito bom. Pode deixar a imaginação rolar, porque gastei minha cota de fotos por post aqui! E depois do jantar, fui ver uma apresentação de dança rapanui. A cultura, a música e o ambiente lembram muito o que a gente vê do Havaí nos filmes.

No dia seguinte (eram dois dias, só descrevi detalhadamente um deles!) fiquei com a manhã livre pra rodar a feirinha de artesanato. O artesanato da ilha é bem rico e você encontra miniatura de moai de todos os tipos, madeira, vários tipos de pedra. Encontra também coisas que remetem à cutura do homem-pássaro. De lá eu trouxe algumas quinquilharias, como a réplica de um moai pequena, em madeira, e uma canga linda, pintada à mão que levo pra todas as minhas idas à praia. É meu xodó de praia essa canga.

Lá na ilha também tem outras oportunidades de passeio, que não fiz por falta de tempo: mergulho (esse é medo mesmo que não faço!), passeios de bicicleta, passeios a cavalo, aluguel de veículos e talvez outras novidades agora, porque fui em 2009 e novidades aparecem!

Enfim, foram dias memoráveis os que vivi nesta ilha. Ainda que tenha chovido, aprendi tanto, vivi tanto, foi tudo tão intenso. Eu recomendo muito a visita à ilha. Vai acabar com muitos mitos em que você acreditava, mas de uma maneira muito boa, pode ter certeza.

Continue acompanhando a gente, ainda tem mais pra contar!!!

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Física de formação, maluca de coração, apaixonada por Deus e por viagens. Viajou uns 21 países (e alguns revisitou), além de conhecer vários encantos de Minas (sua terra natal) e do Brasil. Visitou mais lugares que imaginava e menos do que gostaria, mantendo assim a sede de viajar, porque o mundo é grande, a vida curta e a grana mais curta ainda!