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O que é e de onde vem o maple?!

No  inverno passado eu publiquei um post sobre o que a gente faz no inverno aqui em New Hampshire. Uma das coisas que falei que a gente fazia era maple candy, usando neve pra congelar o xarope. Mas eu não expliquei nada do que era o maple e acho que agora é uma boa época pra explicar!

Em tempos de coronavírus, a gente já tinha desistido de todos os planos de viagem. Afinal, ninguém quer ficar doente ou disseminar a doença. Antes das ordens da quarentena, enquanto a gente ainda podia se arranjar por aqui, procuramos coisas perto para fazer. Ainda era possível ver os amigos.

Bandeira do Canadá

Vamos começar do começo – de onde vem o maple? O maple é a seiva de uma árvore, a maple tree ou só maple mesmo. Em português se diz árvore de bordo.Sabe aquela famosa folhinha da bandeira do Canadá? Então, é dessa árvore mesmo! Existem vários tipos de árvore de maple. Nem todas ficam vermelhinhas, mas as que são sugar maple, ou seja, as que produzem seiva doce, ficam. E existe uma árvore muitíssimo parecida com a maple, que é o plátano. A folha do maple é mais recortadinha que a do plátano e a principal diferença para mim são as flores.

Várias folhas de maple, fonte:https://garden.lovetoknow.com/wiki/Maple_Tree_Identification
Vários desenhos de folhas de plátano. Elas também mudam de cor e caem no outono
Flor de maple, da Wikipedia: https://en.wikipedia.org/wiki/Maple
Flor da árvore plátano – http://www.semprealegria.com/o-platano-a-arvore-das-4-estacoes/
maple trees Nossas árvores de maple durante o outono. A bolinha preta ao lado é o Storm 😉

Enquanto o plátano cresce mais nas américas e ásia, nas partes um pouco mais quentes, o maple cresce em climas frios. Aprendi neste website aqui que existem vários tipos de maple, mas que somente 13 são daqui dos EUA! Se você clicar no link vai ver que tem um vídeo onde vários tipos de árvores são mostradas.

Enfim, não sou botânica!! Fiz uma introdução imensa porque essa não é uma árvore comum no Brasil e muitas vezes é confundida com outras. Mas, mais que isso, quero contar do dia em que fui ver a fabricação do xarope de maple!

Num belo domingo, começo de março de 2019, a gente tinha acabado de acordar. O relógio marcava já uma hora da tarde e a gente nem se deu conta que era o day light save time, ou “horário de verão” que tinha chegado. Eram na verdade 12h00, mas no novo horário, 13h00. De todo jeito, a gente tava mortinho porque tinha acabado de chegar da Califórnia, no dia anterior e da Espanha na semana ainda anterior, estávamos muito cansados. Bom, acordamos e uma mensagem no telefone do Amor de um amigo dele: “hey, to fazendo maple hoje, quer vir ver?!” . Eu ainda não tinha visto a mensagem, mas o Amor vira pra mim e fala sim, sim…nós vamos, é surpresa. Bom, claro que ele não conseguiu esconder muito tempo (e olha que nem perguntei tanto, haha!) e me disse sobre o convite.

sugar shack “Sugar shack” ou “cabana de fazer açúcar”, cercada de árvores e muitas delas, maple

Ficamos super empolgados e fomos dar um rumo no dia, que já tínhamos perdido a manhã toda, haha. Chegamos na casa do Jake às 15h00 e a esposa dele nos levou ao “sugar shack” ou “cabana de fazer açúcar”. Nada mais é que uma cabaninha no meio das árvores, com uma chaminezinha fumegante e o equipamento para fazer xarope lá dentro.

O Jake nos saudou e logo começou a mostrar todo empolgado como funciona a coisa toda. E é super simples! Primeiro ele mostrou que no balde azul ele coloca a seiva coletada das árvores. Com uma válvula, controla a entrada do líquido na parte metálica. Essa parte metálica nada mais é que uma “panela” que distribui o calor gerado pelo fogo a lenha, abaixo dela. O calor faz a seiva ferver. Ficam ali litros e litros fervendo, por pelo menos quatro horas, para a água sair. Ele explicou que em grandes fábricas o processo é feito por osmose reversa. Esse processo, grosso modo, é  uma filtração utilizando pressão para separar líquido de partículas. Na opinião dele (e na minha também!), você pode perder um pouco do sabor por pular uma parte do processo que é “cozinhar” a seiva. Bom, na fábrica eles fervem tudo mais tarde, mas essa parte do processo é acelerada – afinal, é muita energia pra aquecer tanta coisa sendo que existe um processo mais rápido para remover a água da seiva.

Coletando a seiva dos baldes

Após o cozimento nesse “panelão” por 4 horas, o líquido – um pouco mais espesso agora – é transferido para um recipiente menor. Vai continuar a ferver. Mas no recipiente menor o calor é controlado por gás, então a temperatura é mais fácil de se manter constante. Nesse momento há que se ter atenção. Você tem que ter cuidado para o xarope não queimar e para isso, controla a densidade do xarope.

maple sugar shack Balde azul onde a primeira seiva fica e caldeirão onde ela ferve. O fogo é alimentado por lenha
O grande “caldeirão” onde a seiva ferve por horas…
maple sendo preparado Recipiente menor, com temperatura mais controlada – gás

O controle é feito tirando uma pequena quantia nessa “caneca” comprida, e medindo com um densímetro, até ele boiar e indicar direitinho a densidade.

teste de densidade do maple Testando a densidade do maple com essa “caneca” longa

O Jake nos explicou também que no começo da estação, o xarope sai clarinho e mais para o fim, sai bem escuro, como mostra a escala da foto.

Diferentes gradações de cor - mais claro, mais cedo, mais escuro, mais tarde na estação Diferentes gradações de cor – mais claro, mais cedo, mais escuro, mais tarde na estação. Detalhe para o bilhete : “Delicious, thank you” que alguém deixou pra ele. Claro, o Jake é um doce!

Agora vem a parte mais hard core do processo…Lembra que é tudo caseiro, então é ele mesmo que vai buscar a seiva da árvore. Se alguém já viu como se retira látex da seringueira, vai entender melhor o que acontece aqui. Quem vai coletar o maple tem que fazer um corte na árvore, na altura correta, e colocar uma canaleta para fazer a seiva escorrer. A seiva goteja num balde, gota a gota. Demora bastante tempo, horas, até o balde encher.

seiva de maple pingando no balde Seiva pingando constantemente e sendo coletada no balde de metal.

Daí com esses baldes brancos, que acomodam cerca de 20 litros, você vai lá e recolhe a seiva dos baldes menores. A seiva vem cheia de bichinhos e pedacinhos de árvore. Tudo é filtrado antes de ir para a fervura!

maple sap A seiva sai transparente da árvore e é bem pouco adocicada.

Nosso anfitrião logo avisou para não encher muito o balde branco, que ficaria super pesado e difícil de carregar de volta para a cabana. Dá pra ver aí a pessoa lutando pra carregar de volta, hahah!!

girl carrying bucket full of maple sap Cara de felicidade e fazendo força para carregar o balde pesado!

No final ele deu pra gente uma garrafinha de maple super fresquinho, fervendo (quase queimando a mão!) pra gente levar pra casa. Garanto que tem sido bem consumido e com moderação!

maple saindo da torneira Nosso maple syrup saindo fresquinho!

O xarope de maple é bem denso e doce. Sua consistência é pouco menos viscosa que  o mel. É tão importante na economia do Canadá que eles têm milhões de litros guardados como reserva nacional! Agora, o treco é tão importante lá que foi causo de crime em 2012 quando vários barris foram roubados da reserva. Quer saber mais? Tem um documentário super bacana na Netflix – Dirty Money – O roubo do xarope de bordo.  Curiosidade: o roubo foi planejado no posto de gasolina cheio de dinossauros lá de Quebec, lembra deste post?

Eu inclusive tenho fotos com os “criminosos”, hahaha!

dinossauro gigante em Quebec Um bandido…
dinossauro gigante Um dos meilantes
Vários produtos de maple. Tirado do site:http://slippdesign.ca/hutchinsons-maple-syrup.shtml

Do maple se faz muitos outros produtos, balas, licores, sorvetes e eu amo. Esses da foto são industrializados, mas bem gostosos assim mesmo.  Ver como é produzido foi um super privilégio e espero ter agradado com o relato 😉

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Física de formação, maluca de coração, apaixonada por Deus e por viagens. Viajou uns 21 países (e alguns revisitou), além de conhecer vários encantos de Minas (sua terra natal) e do Brasil. Visitou mais lugares que imaginava e menos do que gostaria, mantendo assim a sede de viajar, porque o mundo é grande, a vida curta e a grana mais curta ainda!